Conflito: Executivo x Legislativo x Legislativo?

            As últimas semanas da política municipal tem se destacado negativamente em São Miguel dos Campos devido a repercussão de desavenças entre representantes do legislativo e do executivo. Esse fato tem se mostrado revelador para os miguelense que desejam compreender o compromisso público daqueles que foram eleitos no último pleito assim como para refletirmos acerca da qualidade das notícias partidaristas e de baixíssima preocupação ética travestida de informação que circulam em parte dos meios de comunicação da cidade. O mais importante nesse cenário é o comportamento da população, pois é tendo ela como foco, ainda que não seja prestigiada com as decisões, que se move a comunidade política e midiática da localidade.

            São Miguel dos Campos não foge as tendências do ser humano, independente de onde esteja, quando se trata de disputa por poder, ainda que carregue suas peculiaridades. Os discursos costumam ser marcados por bandeiras que pouco ou nada representam de amadurecimento político e calcados por arranjos individualistas. Para intensificar a gravidade do cenário, essas características não se limitam a representatividade política, mas estende-se a massa populacional como uma de suas mais peçonhentas qualidades.

            O conflito noticiado entre representantes da câmara e de parte desses com o prefeito da cidade são divergências que, sejam de natureza pessoal ou política, não devem ser assumidas pela população. São entraves que movimentam os bastidores da política local e assumem um papel considerável, negativamente, na tomada de decisões por parte dos representantes públicos, é nesse momento, apenas, que a população deve intervir, pois não pode permitir que as ações retidas na pessoalidade comprometam o bem-estar social nem as decisões de caráter coletivo que os dois poderes precisam demonstrar a partir do compromisso assumido com o voto popular. Ainda assim, não se pode assumir as divergências desses representantes a partir da “escolha de uma lado” ou na busca de uma suposta verdade nos conflitos revelados. É preciso, reitera-se, que a ação popular seja firme no papel de exigir que esses representantes não submetam suas decisões a intrigas particulares.

            Outro aspecto importante é o caráter pouco ético e claramente parcial da mídia local, com suas ressalvas. A péssima qualidade editorial que se alastra pelos conteúdos de divulgação pública precisam ser criticados, não numa perspectiva destrutiva desses meios mas com o objetivo de questionar os valores que movem essas publicações e causam ou agravam um péssimo discernimento existente no posicionamento político do povo miguelense.

            A partir desses aspectos é possível desenhar, progressivamente, um cenário mais lúcido nessa região que carrega tantas potencialidades entretanto não se permite desenvolvê-las pelo caráter mesquinho de suas escolhas, social e politicamente.